Os Dentes de Berenice (Edgar Lan Poe)

                                       

Angustiado, cheio de repugnância e receio, fui até o quarto da morta.  Um quarto grande. E escuro. Os cortinados dos leito fechado sobre o caixão onde estava tudo que restava de Berenice.
Eu quis ver o corpo. Era impossível resistir. Aproximei-me do leito. Ergui de leve as dobras das cortinas.
Ao soltá-las caíram sobre meus ombros, separando-me do mundo dos vivos
Na mais perfeita comunhão com a defunta.
O ar do quarto o ar da morte. O corpo parecia morto há dias.
O cheiro me fazia mal.
Tive um desejo luco de fugir dali, correndo. Mas, sem forças, eu parecia enraizado no chão.
Os olhos fixos no cadáver. E juro. Por Deus, juro. Vi o dedo de Berenice mover-se debaixo da mortalha.
E o lenço, com que lhe havia atado o queixo, desatar-se. Não sei como.
Sei que os lábios lívidos se torceram num sorriso. E, por entre a moldura melancólica, os dentes brancos,
luzentes, terríveis, vivos, demasiado reais.
Saí correndo do quarto correndo, como um louco.

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